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sábado, 14 de novembro de 2015

POCA VOGAL: Descortinava assim aquela manhã no povoado invadid...

POCA VOGAL: Descortinava assim aquela manhã no povoado invadid...: Descortinava assim aquela manhã no povoado invadido de luz e acompanhado de sombras percurso adentro. As cortinas do horizonte abrem-se, tan...
Descortinava assim aquela manhã no povoado invadido de luz e acompanhado de sombras percurso adentro. As cortinas do horizonte abrem-se, tanto de longe como de perto todos os olhos vêem as mesmas coisas, elas estão ali dadas e notadas. Esse início de dia, bem na sua aurora, tem olhos fitos aos acontecimentos que cruzam seu destino. O gracejo do sol penetra as telhas e se dá ao chão com um facho esmiuçado, feito aquelas tirinhas sem tempo, espremidas e esmiuçadas de vida escassa. Uma das casas, a de seu Antonio e dona Justina, convive com essa sombra esbugalhadas pelas lembranças desse rastro de sol que penetra sua comunheira. Apenas um fio de luz, como foi descrito, vive a dissipar as sombras que rodeiam dia-a-dia aquelas vidas em casa. Seu Antonio não tem vizinhança, nem pra atrás, nem na frente, tampouco dos lados direito e esquerdo. Sua casa herdou a alegria de não compartilhar suas eiras e nem suas beiras com a herança do destino. Estava ali sem dar satisfação de seus cruzados que entravam e saiam no esconderijo de seu maroto cotidiano. A casa era de número algum, dessas aí que a despreocupação entra em cada brecha de tijolos assentados. Esse tipo de construção não é muito comum ser visto hoje em dia, é preciso listar grossamente cada instante de seu erguimento, deve ser a largura da pressa ou mesmo a estreiteza de sua "desprovidencia" o seu amanhecer, isso também pode ter ocorrido caso a pressa não apertou os passos suficientemente. Deve estar nessas entrelinhas o roteiro de seu destino. Sobre isso a precisão baldeou aquela caricatura que a maioria preza seu desprezo, que atende pelo nome de anonimato, visto que só o anônimo faz questão de sobressair, não que sua humildade fora banalizada, longe disso, mas foi questão de precisão honesta mesmo, coisa de sobrevivência, motivo falecido sim, mas existe na memória e na lembrança.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

POCA VOGAL: Prefácio

POCA VOGAL: Prefácio: Os raios do sol virginalmente caem sob a pele do terreiro, cansado de tão limpinho que agora estava, dando novo vigor a cada partícula de gr...

Prefácio

Os raios do sol virginalmente caem sob a pele do terreiro, cansado de tão limpinho que agora estava, dando novo vigor a cada partícula de grãos espalhada da luta matinal, dando um leve frescor aquela poeirinha ainda tímida como o amanhecer. Não teve um lugar que a vassoura de Madalena não visitasse e de lá não retirasse folhas ou qualquer espécie de ciscos, feitos em montinhos por todo lugar. O calor do sol refazia-o do esmagalhar sofrido da luta imbatível. O rádio, sempre bem cuidado, companheiro de inúmeras manhãs e muitos dias também não escapou do peso da poeirinha vermelha que contracena com a negrura de sua cor, desde as cinco da manhã, gasta as alcalinas tocando as modas ouvidas desde muito antigamente; aquelas bem cheia de tempo, do tempo que passou e se fez dias, dos dias que decorreram e se tornaram anos e dos anos que teceram historias. A esta hora da manhã grita alegre sua canseira ouvindo os anos que passaram. O capricho levantou cedo e despencou junto à tarde, dia inteiro. Aquele luzir sombreado estava todo fogoso por entre as copas e também rasteirinho esfregando ao chão seu frescor. Uma manhã linda chegou aqui, até mesmo a calçada, cheia de vagas se dava em alegria ainda com suas deficiências. Mas quem não tem elas por perto, nem todas as coisas da vida gozam de tanto cuidado, mas elas convivem com nossas falhas e até agradecem. Se não são os buraquinhos nela, não estaria tão cheia de fama nessa hora tampouco sua lembrança seria digna de tanta recordação. Foram muitas as lascas de dedos a contar história, principalmente de dona Margarida; já vi essa aí, compungir pra não chorar, trocar em boca algumas palavras mesmo movitando-as contra a própria vontade; a molecada descer cueca e aí mesmo urinar seu xixi e depois desfazer a alegria com um chorinho sofrido sentindo o descascar dos dedos ou então com um carijó na cabeça. Por isso que tantos daqui olham a vida pelo alpendre mesmo, pela janela escura do calcanhar sujo, pintada de suor, descascada de indelicadeza da sorte. Na vida não tem sinuosidade que o destino não tenha posto alguma prega, vestindo cada casa com um botãozinho meio riscado de sorte.